Escrever é enredar sonhos num papel
E deixá-los flutuando
Dar asas ao pensamento
É ouvir seu coração
Traduzir e projetar palavras
Causem inesperadas sensações
É tentar exibir
O explícito de um sentimento inexplicável
E ao mesmo tempo
Mascará-los e paliá-los para que não o descubram
Escrever é ato singelo
É embelezar a vida
Enriquecer e florescer o jardim de outrem
É uma entrega, declaração
Verdade ou mentira dita de forma
Ordenada, suave, nítida
Eu só queria
Que o mundo fosse uma grande poesia
Tudo seria mais belo
Seria amor e felicidade garantida
Jogadas num papel
E distribuídas pelo vento
Isabelle Almeida
Essa poesia me fez lembrar uma outra:
CASA VAZIA
Poesia alguma, nunca mais
será um acontecimento:
escrevemos cada vez mais
para um mundo cada vez menos,
para esse público dos ermos,
composto apenas de nós mesmos,
uns joões batistas a pregar
para as dobras de suas túnicas,
em seu deserto particular;
ou cães ladrando, noite e dia,
dentro de uma casa vazia.
Alberto da Cunha Melo
essa é uma maravilha.